quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Se lembra só faz doer

Sabe, cara, quando eu desliguei aquele telefone pensei que ela ligaria de volta, mas não ligou. Nós sempre nos demos tão bem e em um certo dia deu tudo errado. O plano era outro, cara. Ela deveria ter me ligado, mandado um recado, alguma mensagem ou uma carta, porra! E ela, simplesmente, deixou tudo como estava. Eu não dei muita bola, até perceber que a mulher da minha vida já não estava mais em minhas mãos. Ela era tudo, tudo pra mim, mesmo eu pouco demonstrando. Seria como aquele belo clichê: se arrependimento matasse. Eu me preocupava muito com aquela garota, ela conseguiu me amar como ninguém jamais havia amado (e, olha, eu já dei muitos motivos pra ela não me amar, mas mesmo assim, teimou e amou). Sabe, cara, hoje eu digo numa boa, mas eu já repeti isso chorando, chorando muito. Era foda acordar sem um beijo, um carinho, um abraço. Era foda acordar sem tê-la ao meu lado, assim, só pra mim, de calcinha e sutiã. Era ainda mais foda perceber o quanto eu fui cafajeste, otário, medroso com o amor e o quanto abusei da minha sorte. Os meus pais sempre diziam que em minha vida toda, nunca haveria outra mulher como ela. E eles estavam certos. Ô se estavam. Sabe, naquela noite eu não queria desligar o telefone, mas fui orgulhoso demais, cara, eu a amava tanto, tanto. Eu pensei em pegar o telefone e dar uma explicação, mas ela não atendeu. Liguei, liguei e só caixa postal. Chorei, porra, chorei demais. Eu sinto a falta dela. Eu lembro que, nós ouviamos nossas músicas juntos e cantávamos sem parar, ela me abraçava como se nunca mais fosse soltar e eu, ah, cara, eu me sentia seguro naquele abraço. Ela cantava certinho “Wish You Were Here” e eu só observava, puta admirado. Hoje não tenho mais notícias dela, não tenho mais o número de celular gravado na minha lista telefônica e nem sei se ela ainda está aqui na cidade. Vai que ela já está com outro namorado. Vai que ela está feliz sem mim. E por que eu também não estou feliz? Por que eu fui um otário, o cara mais burro de todos os romances da história. Ah, se ela ainda soubesse o quanto sinto falta daqueles beijos demorados e quentes, até pareciam que nunca mais iriamos parar de nos beijar. Era bom demais, cara, bom até demais. Eu não fiz por merecer aquele amor, aquela mulher. Eu sempre fui o mais errado da turma, sempre fui o garanhão, sempre curti boates e ela, e ela sempre quietinha, toda tímida, me amava. Será que ela ainda pensa nesse cafajeste tão quanto eu penso nela? Seria bom se pensasse, cara. Eu me amarrava, mas vacilei. Já são mais de 5 meses e hoje eu falo tranquilo, mas já chorei por ela. Logo eu, sempre uma pedra, machão demais para derrubar poucas lágrimas, chorei. Imagina só! Ela era tão minha, era, era mesmo. Gostava de flores, de pipoca, de miojos, rock e literatura. E eu a perdi completamente. O meu telefone até hoje está na espera de um fio de cabelo dela, de uma ligação, correspondência, tanto faz, eu aceito tudo que venha diretamente da minha garota. Ou, ex-garota. Eu ainda sinto falta dos carinhos que só ela sabia fazer, sinto muito mesmo e me culpo por tudo que a fiz passar. Pelas dores, lágrimas, pelas noites que ficou sem dormir por preocupação, pelo amor que ela merecia e eu não retribui. Cara, eu me arrependo tanto por ela e queria que soubesse disso que passei por esse tempo. Ela também deve ter passado, mas já se esqueceu. Um pouco mais de 5 meses após o término da ligação e eu ainda sinto uma falta desgraçada daquela voz, cara, eu sinto uma falta imensa daqueles cabelos cheirando à shampoo de criança. Eu sou burro pra caralho, despedi a mulher da minha vida, a mulher dos meus sonhos, despedi, assim, do nada!
Lucas Guerrero. 

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